Longevidade & Qualidade de Vida #2
‘O repouso é definitivamente o que as pessoas que estão envelhecendo não precisam’
No início dos anos 90, dois especialistas em envelhecimento alertavam: “O repouso é definitivamente o que as pessoas que estão envelhecendo não precisam”. Começando pela meia idade, as pessoas passam a ganhar gordura e perder músculos, força, ossos e a capacidade aeróbia. Eleva-se muito o risco de doenças cardíacas, diabetes, pressão alta e osteoporose. Elas estariam a caminho da “Zona de Invalidez”…
De acordo com os pesquisadores Evans & Rosenberg (1991), “Zona de Invalidez” é o período de tempo determinado em que a pessoa não desfrutaria mais de qualidade de vida (em razão de doenças), até a sua morte.
O período saudável de vida seria o parâmetro comparativo para estabelecer quando iniciaria o período da “Zona de Invalidez” dentro do tempo total de vida do indivíduo, os dois são muito diferentes e fáceis de identificar, segundo eles. O período saudável seria o tempo de vida no qual o indivíduo é funcional, ativo e capaz de realizar as tarefas diárias por si só, tem autoconfiança e autonomia para ter uma vida independente no ambiente de sua preferência, e de seu lar. A “Zona de Invalidez”, por sua vez, é compreendida pelo período de tempo (geralmente entre 10 e 15 anos) que ocorre próximo ao fim da vida de uma pessoa, quando ela se torna cada vez mais dependente dos outros.
Atualmente, o termo “Zona de Invalidez” está em desuso. Hoje, portanto, a ciência traz a seguinte classificação para o envelhecimento:
- Senescência: Processo de envelhecimento fisiológico natural.
- Senilidade: Processo de envelhecimento associado a diversas alterações decorrentes de doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes, e maus hábitos de vida, podendo gerar incapacidades funcionais ou de órgãos.
- Fragilidade: Declínio funcional dos sistemas fisiológicos resultando na diminuição de energia e resistência do organismo, homeostase afetada, vulnerabilidade biopsicossocial e ambiental, sem possibilidade de reabilitação.
Assim, dados os parâmetros classificatórios utilizados, e considerando as características comumente apresentadas por indivíduos nesta fase final da vida, independentemente da terminologia utilizada pela ciência, o desejável para cada um de nós e para nossos entes queridos, seria a redução ou a eliminação deste período onde não exista mais qualidade de vida satisfatória, que a funcionalidade e autonomia que estiveram presentes ao longo da vida, se foram, e com elas… o poder de agir!
E isso é perfeitamente possível!
Essas perdas lentas e graduais nos sistemas fisiológicos são sutis, e por serem responsáveis pela realização de atividades simples e corriqueiras do dia a dia, são somente notadas quando uma tarefa que outrora era executada com facilidade se torna um esforço muito grande, um desafio, ou não se consegue mais realizá-la.
No artigo anterior eu cito idosos inativos, e outros que correm maratonas…
Mas por que isso ocorre? Qual é a diferença entre eles?
A diferença entre eles é absolutamente NENHUMA. Isso mesmo!
Ou será que idosos inativos, por infortúnio da vida possuem o “gene do idoso inativo”? Por isso são sedentários, vítimas de um processo natural… Mas se for isso tudo bem, pois o que se quer nesta fase da vida é descansar… não é mesmo?!
Enquanto os que correm uma maratona e se exercitam, provavelmente foram agraciados pela natureza e dotados com algo especial que os move, talvez o “gene do idoso ativo”, que os fazem levantar do sofá e caminhar, correr, nadar, pedalar, praticarem algum esporte radical… Em última análise: ficaram doidos de vez!
Sustentando a afirmação de que não existe diferença entre eles… Não são diferentes, salvo por traços de fisionomia, coloração dos cabelos remanescentes (ou ausência deles), cor da pele, dos olhos ou quaisquer aspectos externos que, para nosso propósito de análise aqui são fatores menos interessantes. A proposta é analisar as diferenças nas condições de aptidão física e mecanismos fisiológicos.
Imediatamente nos remetemos ao quadro dos dois idosos. Um corredor de maratonas, o outro inativo. E, agora sim, você tem a certeza de que minha afirmação sobre não existir nenhuma diferença entre eles está equivocada. Um é ativo, anda, corre, se exercita, vende saúde… Enquanto o segundo, vive macambúzio, resmungando pelos cantos e desassossegado acerca de seu próximo evento: o encontro da semana que vem com o Cardiologista – Qual será a “nova” doença que ele vai me arrumar dessa vez?
Na próxima parte do artigo, veremos alguns aspectos essenciais que contribuem para essa diferenciação das condições de aptidão física e fisiológica, dentro do processo de envelhecimento!
Te vejo na próxima parte do artigo!
Até lá…
Um BIG abraço!
Marcus Vinicius
Referências:
American College of Sports Medicine
Centers for Disease Control and Prevention
BROOKS, D.S. The Complete Book of Personal Training. Champaign: Human Kinetics, 2004. p. 639-648.
EVANS, W. & ROSENBERG, I.H. Biomarkers: The 10 determinants of aging you can control. New York: Simon & Schuster, 1991.
KRAEMER, W.J.; FLECK S.J.; DESCHENES M.R. Exercise Physiology: Integrating Theory and Application. 1. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2011. 488p.
Organização Mundial da Saúde
SPIRDUSO, W.W. Physical Dimensions of Aging. Champaign: Human Kinetics, 2005. 482p.
U.S. Department of Health & Human Services
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